Debate
Caso de importunação sexual movimenta discussões sobre violência contra a mulher
No mês em que pautas femininas são amplificadas, episódio em reality show coloca diante de todos a pauta dos abusos e punições
Arquivo - DP - Caso do BBB expôs realidade de insegurança
Em uma festa, na escola ou faculdade, ou até mesmo em casa, milhares de mulheres sofrem algum tipo de violência diariamente. Segundo pesquisa recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esse número chegou a 30 milhões em 2022. E o caso de importunação sexual registrado nesta semana dentro do maior reality show do País expôs essa realidade brasileira.
A situação vivida pela participante mexicana Dania Mendez no programa Big Brother Brasil, da TV Globo, levantou discussões a respeito do tema. Afinal, se em uma casa repleta de câmeras há participantes que pratiquem abusos, fora de um ambiente vigiado atitudes como passar a mão no corpo de uma mulher sem o seu consentimento e proferir palavras de cunho sexual são muitas vezes normalizadas.
O abuso em pleno mês de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, originado no começo do século a partir de movimentos operários e de direito ao voto, amplifica lutas que foram se inserindo em um movimento de busca por igualdade de gênero e respeito pelos corpos femininos. Há constantemente uma luta para o reconhecimento de que, independente da roupa, idade, local, ou fala, o corpo da mulher pertence somente a ela e não dá direito a ninguém de tocá-la sem sua permissão.
Situação em Pelotas
Há um mês, o Diário Popular publicou reportagem com dados preocupantes a respeito da violência contra a mulher na cidade e nos municípios da Zona Sul. Somente no primeiro mês de 2023, a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) recebeu 76 registros de ameaças, 85 agressões, seis estupros e um feminicídio. Os dados são maiores do que no mesmo período no ano anterior.
Em virtude disso, locais especializados buscam ajudar mulheres a reconhecer e sair dessas situações de violência. Ainda nesta sexta-feira (17), foi inaugurada a nova sede do Centro de Referência no Atendimento à Mulher em Situação de Violência Professora Cláudia Pinho Hartleben (confira na página 23). No espaço, são atendidos casos de violência física, sexual, psicológica, moral e patrimonial.
A diretora da Secretaria de Assistência Social, Paola Fernandes, explica que o trabalho se faz necessário, uma vez que "o comportamento masculino machista e patriarcal faz o homem pensar que é dono da mulher e tem direito de agir como age". Para ela, o cenário exige que se trabalhe diariamente para que não sejam aceitos quaisquer tipos de assédio, importunação sexual e estupro.
Entenda
Na quinta-feira, os participantes do Big Brother Brasil MC Guimê e Antônio "Cara de Sapato" foram eliminados após abusarem da participante Dania Mendez. Nas cenas, é possível perceber o incômodo da vítima ao ter o corpo tocado por Guimê sem sua permissão. Além disso, Cara de Sapato também forçou contatos físicos com a participante, chegando até a um "beijo roubado". O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.
No caso de ser vítima desse tipo de violência, é importante também saber diferenciar os crimes
- Importunação sexual - Qualquer ato com objetivo de satisfazer um desejo de cunho sexual. Além disso, caso a vítima seja menor de 14 anos, isso é classificado como estupro.
- Assédio sexual - Ocorre quando uma pessoa se aproveita de uma posição hierárquica ou de autoridade sobre a vítima para obrigá-la a praticar um ato sexual.
- Estupro - Quando o abusador tem relações sexuais sem consentimento, utilizando também da força, da ameaça ou, ainda, aproveitando o fato da vítima estar inconsciente.
Como denunciar
- Brigada Militar, pelo telefone 190
- Guarda Municipal, pelo telefone 153
- Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), pelo telefone (53) 3310-8181
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